Existem cogumelos e cogumelos, uns que nutrem e outros que nos transportam para outros mundos – e para fora da depressão. Dois estudos sobre os efeitos da psilocibina, o princípio activo dos cogumelos alucinogénios, mostram que, contrariamente ao que se pensava, estes últimos reduzem a actividade em áreas do cérebro que também são inibidas por tratamentos anti-depressivos. Esta é uma informação disponibilizada pelo site Boas Notícias.
No primeiro estudo, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), grande parte dos 30 voluntários que receberam o princípio activo descreveram uma sensação de alteração da percepção deles mesmos. O segundo estudo, a publicar no British Journal of Psychiatry, envolveu dez voluntários e eis a descoberta: a psilocibina presente nos cogumelos melhorou as lembranças das memórias pessoais.
Conforme terá referido Robin Carhart Harris, do departamento de medicina do Imperial College London, os resultados sugerem que a substância poderá ser útil como uma terapia adjuvante alertando, no entanto, para a realidade de que os estudos são ainda muito preliminares e envolveram poucos participantes.
“Psicadélicos são considerados drogas que expandem a mente, por isso foi assumido que elas actuam aumentando a actividade cerebral», referindo um outro investigador do Imperial College London acerca do estudo dos tais cogumelos. (…)” descobrimos que a psilocibina, na realidade, reduz a actividade em áreas que têm as conexões mais densas com outras áreas. Essas regiões do cérebro são conhecidas por restringir a nossa experiência do mundo. Sabemos que desactivar essas regiões leva a um estado no qual o mundo é experimentado de forma estranha”.
Também na Suíça uma equipa de investigadores chegou à conclusão de que a substância activa dos cogumelos alucinogénios ajuda o cérebro a lidar com as emoções negativas, acreditando que esta substância pode dar origem a um novo tratamento da depressão: mais eficaz e com menos efeitos secundários.
É do conhecimento geral que o funcionamento desadequado de emoções como o medo, a raiva, a tristeza e a alegria pode conduzir a problemas psicológicos graves pois são elas que permitem que as pessoas se adaptem ao ambiente circundante, reagindo de forma adequada ao stress. São, inegavelmente, as emoções vitais para que haja o bom funcionamento em sociedade.
O processamento de emoções está intimamente ligado a uma estrutura do cérebro conhecida como sistema límbico onde a amígdala desempenha um papel fundamental: processa as emoções negativas como a ansiedade e o medo e quando este processo da amígdala se torna deficiente surgem perturbações psicológicas como, por exemplo, a depressão.
Os investigadores da Universidade de Psiquiatria do Hospital de Zurique (Suíça) demonstraram, através do estudo aos cogumelos, que há uma substância nos cogumelos mexicanos alucinogénios, conhecida como psilocybin, que actua sobre a amígdala, ajudando a processar os estímulos negativos.