As mais recentes investigações científicas apontam para a importância da inclusão de ácidos gordos ómega-3 na dieta alimentar das grávidas.
O interesse pelos estudos científicos centrados no consumo de ácidos ómega-3 durante a gravidez começou nos anos 80, quando investigadores verificaram que mulheres a viver nas ilhas Faroé (um território dependente da Dinamarca) davam à luz bebés mais pesados e com mais tempo de gestação do que aqueles que nasciam na Dinamarca. Percebeu-se que a diferença estava na alimentação e na quantidade de ácidos gordos de peixe consumidos por estas grávidas. O óleo de peixes parece ter um importante papel quer na saúde da mãe quer no desenvolvimento de um bebé saudável.
Existem vários tipos de ácidos gordos ómega-3. Estes ácidos gordos são gorduras polinsaturadas que são essenciais à saúde e desenvolvimento de qualquer pessoa, esteja ela grávida ou não, mas que apenas podem ser obtidos através da alimentação ou suplementos alimentares. Os dois tipos de ómega-3 de cadeia longa que mais benefícios têm para a saúde são o EPA (ácido eicosapentaenóico) e o DHA (ácido docosahexaenóico). Enquanto o EPA tem um papel importante na saúde do coração e no sistema imunitário, o DHA age ao nível do cérebro, olhos e sistema nervoso central, sendo, por isso, especialmente importante em grávidas ou lactantes. As melhores fontes destes ácidos gordos são peixes de água fria como o salmão, sardinha, atum, anchovas e arenque.
Acredita-se que a necessidade de ácidos gordos ómega-3 em mulheres grávidas será superior à de outras pessoas. Contudo, durante a gravidez não é aconselhado o consumo de quantidades excessivas de peixe, devido ao perigo de alta concentração de mercúrio ou toxinas, o que pode prejudicar o desenvolvimento do feto. Deste modo, a maneira mais segura de suprir as necessidades da mulher grávida será, para além do consumo moderado de peixe, o uso de suplementos alimentares de óleo de peixes. Estes suplementos permitem usufruir de todos os benefícios dos ácidos gordos, mas sem o risco de toxicidade.
As investigações referem que os ácidos gordos ómega-3 são essenciais para o desenvolvimento neurológico do feto e importantes na determinação do peso e tempo de gestação. Diversos estudos demonstraram que mulheres que tomaram suplementos de óleo de peixes durante a gravidez tinham bebés mais pesados, com mais tempo de gestação e até com melhores resultados em medidas cognitivas, quando avaliados anos mais tarde.
Para além de essencial para o desenvolvimento cognitivo do bebé, o ómega-3 tem um papel importante no seu desenvolvimento visual. Estudos notaram melhor acuidade visual e melhores competências cognitivas e psicomotoras em crianças cujas mães ingeriram mais ómega-3. Não nos podemos esquecer que o desenvolvimento mais rápido a nível neurológico e da retina ocorre na segunda metade da gravidez, pelo que uma dieta materna rica em ómega-3, principalmente DHA, será muito importante. Outros efeitos positivos para a criança será a redução do risco de desenvolvimento de alergias durante a infância.
Grávidas que consumam ómega-3 terão efeitos positivos na própria gravidez, com menos partos prematuros e redução do risco de certas doenças como a pré-eclâmpsia ou a depressão pós-parto. Após o nascimento, o consumo de ómega-3 também é importante para a produção do leite materno.