O cérebro, em complemento com o coração, comanda a nossa vida e é o grande responsável pela memória – aquela parte capaz de codificar, armazenar e recuperar informação: a vida. Bem visto, sem memória a vida não faz sentido. Começar desde cedo a estimular a memória das crianças pode ser uma boa prática.
Por dentro do cérebro está a memória e tudo se processa em uma acção que envolve codificação, armazenamento e também recuperação de informações. Mas que tipos de memória existem? Que informações é que a cada uma está afecta? Existe uma entrada sensorial responsável pela acumulação das memórias prontinhas para seguirem para interpretação ou descodificação: ou se tornam memórias e são guardadas ou são mesmo descartadas.
É no córtex do cérebro, em zonas bem específicas, que toda esta informação é processada e armazenada dividida pelas pastinhas visuais, auditivas, olfactivas, motoras, do paladar e do tacto.
Comecemos pela memória de curto prazo – a responsável pelo armazenamento e reaquisição de informações que, mesmo agora, está a ser utilizada, ou seja, uma informação que é armazenada apenas de forma temporária. A zona do cérebro responsável aqui é córtex pré-frontal.
No que concerne à memória de longo prazo, tudo se processa através do hipocampo que vai transferir – através da construção, integração e armazenamento – a informação recebida pela memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Então e onde ficam os factos e os eventos? Estes estão na memória declarativa que é trabalhada tanto pelo hipocampo como pelas estruturas corticais envolventes e os caminhos neurais que estabelecem toda a conexão.
Carregar a memória de longo prazo para a percepção, transformando-a em memória semântica, é a função tanto do lobo temporal do córtex do cérebro – que consegue aceder a essa memória – como do córtex frontal que a carrega. Restam as nossas memórias emocionais, aquelas intensas, e as processuais trabalhadas com o cerebelo, os gânglios de base e o córtex motor.
Importante mesmo é perceber que a consolidação da memória ocorre no momento seguinte ao acontecimento e que está, por isso, dependente dos factores que ocorram para fortalecer ou enfraquecer a lembrança – qualquer que ela seja. Só assim se consegue explicar, ou justificar, existirem, nas nossas vidas, acontecimentos que jamais esquecemos – por um lado – e que nem tudo o que nos acontece fica gravado na nossa memória para sempre por outro.