Se sofre de prisão de ventre severa e persistente, a solução pode residir no recurso a laxantes, que podem ser farmacológicos ou naturais. No entanto, como a obstipação é um sintoma e não uma doença, é importante procurar as suas causas e obter tratamento para estas, sempre que tal seja possível. O abuso destes medicamentos além de poder causar habituação, pode igualmente desempenhar um papel substancial no cancro colorretal, revela o site de referência WebMD.
Mas desde logo é importante salientar que é um exagero dizer que os laxantes provocam cancro. O que se sabe é que o recurso a um ou outro tipo de purgantes parece estar mais relacionado com a presença de cancro, não se compreendendo actualmente quais relações de causa e efeito poderão existir.
O estudo agora publicado, com base em 75,000 casos entre os 50 e 76 anos verificou que os indivíduos que utilizavam laxantes à base de fibra pelo menos quatro vezes por semana durante quatro anos tinham 56% menos probabilidades de desenvolver cancro por comparação a quem não os usa. Pelo contrário, indivíduos que recorrem a purgantes que não à base de fibra mais do que cinco vezes por ano tinham 49% mais probabilidades de complicações oncológicas.
Para os investigador a explicação pode encontrar-se no modo como os laxantes funcionam, postulando que aqueles à base de fibra produzem efeitos semelhantes aos das fibras dietéticas, que são agentes reconhecidos na prevenção oncológica, promovendo a proliferação de bactérias saudáveis e acelerando o trânsito intestinal para diminuir o tempo durante o qual os agentes cancerígenos podem agir sobre o organismo.
No outro extremo, encontramos os laxantes estimulantes ou irritantes, que são os mais agressivos, e provocam irritação nas membranas intestinais. São estes que se devem evitar excepto em casos extremos por causarem habituação e poderem levar à capacidade natural para defecar, além do agora verificado risco acrescido de doença oncológica.
Não é possível pensarmos no conceito de laxante “mais eficaz” sem ter em conta os motivos que nos levam a recorrer a este tipo de medicamentos, e à tipologia da própria obstipação. No caso de trânsito intestinal lento, ou poucos movimentos intestinais, aqueles com fibras são geralmente os indicados, enquanto que os laxantes indicados para hemorróidas são os chamados emolientes, que possuem surfactantes que humedecem e amolecem as fezes e que também são indicados para mulheres que acabaram de dar à luz.
É igualmente importante combater o mito de que há laxantes bons para emagrecer. Na verdade não há, pois a sua acção dá-se no intestino grosso, enquanto a absorção de nutrientes se dá logo no intestino delgado. Forçar o tráfego intestinal apenas nos leva a perder o peso correspondente às fezes, sem qualquer impacto nas calorias ingeridas. Pelo contrário, o abuso destas substâncias pode causar habituação e desidratação por diarreia, gerando uma situação potencialmente perigosa para a nossa saúde.
Em todos os casos em que a obstipação seja moderada, a melhor opção podem ser os laxantes naturais que podem ser encontrados na forma de extractos vegetais, mas também nos alimentos do nosso quotidiano, particularmente os que são ricos em fibra. A opção por uma dieta equilibrada e rica em fibra é efectivamente a melhor opção para um trânsito intestinal saudável. A ingestão adequada de água é também fundamental, já que a correcta hidratação da matéria fecal é essencial para a sua lubrificação e trânsito através dos intestinos.
O recurso aos laxantes deverá então ficar para as situações onde uma alimentação normal não seja suficiente para solucionar o problema.
Por si só, os laxantes não fazem mal à saúde, mas devem ser utilizados para as situações em que foram concebidos, e não como método artificial para forçar o trânsito intestinal. Se apesar da utilização de laxantes a sua obstipação continuar a verificar-se, o melhor é consultar o seu médico para encontrar o motivo do desconforto, e que pode originar-se em patologias diversas, como hipercalcemia, hipotireoidismo ou doença celíaca.