Os efeitos da valeriana no combate à insónia e ansiedade são amplamente reconhecidos, a sua fama passando de geração em geração ao longo de séculos de ensinamentos tradicionais. A medicina moderna tem-se esforçado para compreender melhor a acção deste produto herbal na insónia, e recentemente um estudo publicado no Indian Journal of Pharmacology atestou a eficácia da valeriana na melhoria da qualidade de sono.
A insónia refere-se à dificuldade em obter uma quantidade suficiente de horas de sono, por incapacidade para adormecer ou tendência para acordar cedo demais. Embora algumas pessoas com insónia consigam dormir várias horas seguidas uma vez que adormeçam, outras sofrem de múltiplos episódios de vigília durante a noite, o que resulta num sono qualitativamente inferior, com um menor período de sono profundo.
Como é durante a fase do sono profundo que as memórias novas são consolidadas, os indivíduos que sofrem de insónia podem mostrar dificuldades no armazenamento de memórias e desempenho de tarefas mentais após o sono. A incapacidade generalizada para obter descanso adequado resulta ainda em cansaço, sonolência, ou irritabilidade durante o dia. O indivíduo que sofre de insónia pode assim ver o seu desempenho social e cognitivo comprometido, correndo riscos acrescidos de acidentes potencialmente mortais ao volante ou durante a operação de máquinas.
As causas por trás da insónia nem sempre são claras. Aquela a que se chama de insónia primária não tem causas desencadeantes, enquanto noutras instâncias o stresse ou fadiga muscular podem levar a dificuldades para adormecer, enquanto a depressão também pode levar ao despertar precoce. Julga-se que cerca de 40% de todos os casos diagnosticados de insónia têm causas psiquiátricas associadas.
Existe ainda a insónia subjectiva, em que os indivíduos dormem por períodos normais, mas sobrevalorizam o tempo que demoram efectivamente a adormecer, ou percepcionam como tendo estado acordados apesar de se encontrarem a dormir.
O diagnóstico da insónia faz-se através da polissonografia,
Os meandros dos ensaios clínicos e a sabedoria tradicional nem sempre são compatíveis. Tradicionalmente, a medicina moderna tem sentido alguma dificuldade a atestar a eficácia da valeriana no tratamento da insónia, em boa parte porque não compreende os seus mecanismos de acção, o que dificulta a criação de um desenho experimental adequado ao que estamos a tentar provar. Por isso os resultados são por vezes contraditórios, mas há algo em que todos os cientistas concordam: a valeriana é completamente segura e tem a vantagem de ser um produto perfeitamente natural.
Mas será eficaz? Diversos estudos científicos dizem que sim.
O estudo realizado por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de West Bengal, Índia, reuniu 91 indivíduos a quem havia sido diagnosticada insónia primária com índice de severidade superior a 7, dividindo-os em dois grupos, por forma a comparar um extracto herbal contendo valeriana e um fármaco bastante utilizado na indução do sono, o Zoldipem.
O decorrer do estudo mostrou melhorias na qualidade de ambos os grupos, do mesmo modo que diminuiu a dificuldade em adormecer. No total, metade dos participantes havia deixado de ter sintomas de insónia, independentemente do grupo a que pertencia, o que indicia que compostos herbais à base de valeriana podem ter uma eficácia comparável ao dos fármacos mais difundidos no tratamento da insónia.
Para os indivíduos que sofrem de insónia, a valeriana afirma-se como um auxiliar poderoso na indução de sono. Como produto natural, os seus efeitos adversos são menores que o de muitos dos fármacos mais difundidos. Assim, não têm o impacto negativo na coordenação, equilíbrio, memória das benzodiazepinas, nem as suas propriedades aditivas que levam à ressaca uma vez interrompido o tratamento.
Se sofre de insónia opte por produtos naturais, saudáveis, e não viciantes, mas não negligencie a consulta com o seu médico para se certificar que a sua dificuldade em adormecer não se deve a patologias subjacentes.